20 maio, 2014
01 dezembro, 2013
À Descoberta ... da Linha do Tua
A "saga" À Descoberta começou há quase 10 anos, no concelho de Miranda do Douro, mas já há algum tempo que estava previsto estender-se também ao concelho de Macedo de Cavaleiros. Não aconteceu não porque o concelho não apresente atrativos suficientes, mas unicamente por falta de tempo.
Posso dizer que a janela se abriu, primeiramente no Flikr (em 2010) e depois numa página do Facebook, que dá pelo nome de Macedo de Cavaleiros, concelho e só agora se estendeu ao Blogue À Descoberta de Macedo de Cavaleiros.
Durante o verão passado acompanhei, à distância, uma série de iniciativas relacionadas com a natureza, muitas vezes na barragem do Azibo e também as atividades do grupo Alustro (Clube de Fotografia A. M. Pires Cabral). Quando recebi um convite, daqueles virtuais que se pensa que não servem para nada, achei que era altura de participar a sério e rumei para Macedo de Cavaleiros no dia 23 de novembro de 2013.
O desafio partiu do Clube de Fotografia Alustro, que pretende fazer um levantamento do que ainda resta da Linha do Tua ao longo do concelho. Há anos que percorro a Linha do Tua a pé entre Foz-Tua e Mirandela (ver Blogue A Linha é TUA) e conhecer o restante trajeto é para mim muito aliciante. Estavam juntos vários elementos incentivadores: conhecer o concelho de Macedo de Cavaleiros, conhecer os elementos do Alustro; tirar fotografias e conhecer mais um troço da Linha do Tua.
Às 10 da manhã estava em Macedo de Cavaleiros. O dia estava frio, com bastante geada e pouco prometedor. O grupo juntou-se, constituído por "velhos" amigos, todos apaixonados pela fotografia e não tive dificuldade em me integrar.
Partimos de autocarro para Sendas, para lá dos limites do concelho. No meu trabalho de preparação na noite anterior verifiquei que apenas íamos percorrer pouco mais de 6 km! pareceu-me manifestamente pouco, mas o percurso estava traçado: Sendas - Azibo (Vale da Porca).
Ainda usei o comboio nalgumas deslocações entre Mirandela e Bragança, poucas vezes, muito poucas. Nalguns anos que passei em Carvalhais o comboio fazia parte do meu dia a dia, mas o tempo passou e deste troço da Linha não tinha a mais vaga ideia.
Em Sendas os edifícios ainda estão em pé, muito degradados e ainda se veem os carris por entre o lixo e as silvas que tomaram conta da linha. Quando se passa por debaixo da estrada N15-5, que segue para Vila Franca, o cenário ainda piora: deixa de haver carris e praticamente não se encontram mais até ao Azibo, precisamente sobre a ponte que passa sobre o rio. Não estava à espera de tal cenário. Há 5 anos que acompanho de perto o que se passa com o troço Foz-Tua / Mirandela envolvendo-me ativamente na luta contra a construção da barragem mas esqueci-me que nesta parte da linha a o abandono já começou em 1991.
Na linha havia muito pouco para fotografar. Aos espaços fui-me afastando para fotografar a flora, surpreendentemente colorida de outono. Ou soutos, os carvalhos, as videiras já quase despidas, foram algumas das espécies maiores que fotografei. Mas também apareceu a roseira brava, sumagre, medronheiros, madressilva, espinheiro, gilbardeira, trovisqueira, etc.
Passámos junto à aldeia de Valdrez. O desalento do grupo com a destruição da Linha era evidente, mas não faltava entusiasmo para a fotografia. Quando apareceu o edifício do apeadeiro de já havia algum apetite. Procurámos nas mochilas algo para enganar a fome até chegarmos ao apeadeiro de Salselas.
Nesta zona, tirando um ou outro local, a linha, ou espaço onde ela estava, está transitável como caminho. Em vários locais ela é mesmo usada com regularidade como caminho rural. Não há sinais dos carris nem das travessas.
O apeadeiro de Salselas situado à entrada da aldeia, deve ter sido um edifício elegante, embora pequeno. Foi o lugar escolhido para o almoço.
Caminhar é um exercício que abre o apetite, se acrescentarmos ainda o levantar cedo, são dois fatores para "fazer lume com os dentes". Cada um saboreou a merenda, com alguma partilha e ainda houve tempo para um café no bar do Museu Rural de Salselas.
Retomámos o percurso da Linha. Em vários locais foi muito difícil passar. As silvas tomaram conta do espaço e crescem a vários metros de altura. Nalguns pontos foi necessário seguir pelos terrenos agrícolas limítrofes. A chegada ao rio Azibo animava a caminhada pois prometia um belo cenário fotográfico.
Por fim chegámos. O cenário é realmente idílico e está cuidado, mas a luz já não era a mais adequada.
A linha passa sobre o rio Azibo na primeira única ponte que encontrámos no percurso feito. A ponte metálica parece estar estável, mas ostenta um aviso proibindo a circulação.
As folhas do outono a deslizarem nas águas do rio reorientaram as os objetivas levando-as (temporariamente) a esquecerem a Linha.
Foi um bonito local que descobri nesta caminhada. Para mim Vale da Porca era (para além da terra natal de Roberto Leal) o cruzamento onde já passei muitas vezes nas deslocações com passagem pelo santuário de Santo Ambrósio. Agora o nome da aldeia tem mais significados.
Seguimos até à estação de Azibo, agora já com os carris bem visíveis. Foi bom verificar que esta estação ainda está bem preservada. Além do edifício intacto e fechado, muitas das estruturas anexas também estão em razoável estado de conservação. Há alguns anexos que ainda servem para a criação de galinhas. Crescem nos canteiros algumas plantas de jardim e árvores de fruto.
Com a luz do sol rasante a brilhar nos carris terminamos a nossa caminhada. Foram poucos quilómetros de Linha, que motivaram muitos lamentos e alguns insultos aos responsáveis por tanta destruição.
Foi feita o levantamento possível o que resta da Linha do Tua. Para mim foi também importante e surpreendente o contacto com o concelho de Macedo de Cavaleiros. Os espaços percorridos, a divisão dos terrenos, espécies cultivadas e selvagens ajudaram a construir uma ideia mais rigorosa do concelho e despertaram o apetite para novas viagens, caminhadas de preferência. Descobrir um concelho é uma tarefa nunca terminada, mas começa com o primeiro passo e esse já foi dado.
Agradeço a todos os amigos do ALUSTRO o excelente dia que passei com eles.
Posso dizer que a janela se abriu, primeiramente no Flikr (em 2010) e depois numa página do Facebook, que dá pelo nome de Macedo de Cavaleiros, concelho e só agora se estendeu ao Blogue À Descoberta de Macedo de Cavaleiros.
Durante o verão passado acompanhei, à distância, uma série de iniciativas relacionadas com a natureza, muitas vezes na barragem do Azibo e também as atividades do grupo Alustro (Clube de Fotografia A. M. Pires Cabral). Quando recebi um convite, daqueles virtuais que se pensa que não servem para nada, achei que era altura de participar a sério e rumei para Macedo de Cavaleiros no dia 23 de novembro de 2013.
O desafio partiu do Clube de Fotografia Alustro, que pretende fazer um levantamento do que ainda resta da Linha do Tua ao longo do concelho. Há anos que percorro a Linha do Tua a pé entre Foz-Tua e Mirandela (ver Blogue A Linha é TUA) e conhecer o restante trajeto é para mim muito aliciante. Estavam juntos vários elementos incentivadores: conhecer o concelho de Macedo de Cavaleiros, conhecer os elementos do Alustro; tirar fotografias e conhecer mais um troço da Linha do Tua.
Às 10 da manhã estava em Macedo de Cavaleiros. O dia estava frio, com bastante geada e pouco prometedor. O grupo juntou-se, constituído por "velhos" amigos, todos apaixonados pela fotografia e não tive dificuldade em me integrar.
Partimos de autocarro para Sendas, para lá dos limites do concelho. No meu trabalho de preparação na noite anterior verifiquei que apenas íamos percorrer pouco mais de 6 km! pareceu-me manifestamente pouco, mas o percurso estava traçado: Sendas - Azibo (Vale da Porca).
Ainda usei o comboio nalgumas deslocações entre Mirandela e Bragança, poucas vezes, muito poucas. Nalguns anos que passei em Carvalhais o comboio fazia parte do meu dia a dia, mas o tempo passou e deste troço da Linha não tinha a mais vaga ideia.
Em Sendas os edifícios ainda estão em pé, muito degradados e ainda se veem os carris por entre o lixo e as silvas que tomaram conta da linha. Quando se passa por debaixo da estrada N15-5, que segue para Vila Franca, o cenário ainda piora: deixa de haver carris e praticamente não se encontram mais até ao Azibo, precisamente sobre a ponte que passa sobre o rio. Não estava à espera de tal cenário. Há 5 anos que acompanho de perto o que se passa com o troço Foz-Tua / Mirandela envolvendo-me ativamente na luta contra a construção da barragem mas esqueci-me que nesta parte da linha a o abandono já começou em 1991.
Na linha havia muito pouco para fotografar. Aos espaços fui-me afastando para fotografar a flora, surpreendentemente colorida de outono. Ou soutos, os carvalhos, as videiras já quase despidas, foram algumas das espécies maiores que fotografei. Mas também apareceu a roseira brava, sumagre, medronheiros, madressilva, espinheiro, gilbardeira, trovisqueira, etc.
Passámos junto à aldeia de Valdrez. O desalento do grupo com a destruição da Linha era evidente, mas não faltava entusiasmo para a fotografia. Quando apareceu o edifício do apeadeiro de já havia algum apetite. Procurámos nas mochilas algo para enganar a fome até chegarmos ao apeadeiro de Salselas.
Nesta zona, tirando um ou outro local, a linha, ou espaço onde ela estava, está transitável como caminho. Em vários locais ela é mesmo usada com regularidade como caminho rural. Não há sinais dos carris nem das travessas.
O apeadeiro de Salselas situado à entrada da aldeia, deve ter sido um edifício elegante, embora pequeno. Foi o lugar escolhido para o almoço.
Caminhar é um exercício que abre o apetite, se acrescentarmos ainda o levantar cedo, são dois fatores para "fazer lume com os dentes". Cada um saboreou a merenda, com alguma partilha e ainda houve tempo para um café no bar do Museu Rural de Salselas.
Retomámos o percurso da Linha. Em vários locais foi muito difícil passar. As silvas tomaram conta do espaço e crescem a vários metros de altura. Nalguns pontos foi necessário seguir pelos terrenos agrícolas limítrofes. A chegada ao rio Azibo animava a caminhada pois prometia um belo cenário fotográfico.
Por fim chegámos. O cenário é realmente idílico e está cuidado, mas a luz já não era a mais adequada.
A linha passa sobre o rio Azibo na primeira única ponte que encontrámos no percurso feito. A ponte metálica parece estar estável, mas ostenta um aviso proibindo a circulação.
As folhas do outono a deslizarem nas águas do rio reorientaram as os objetivas levando-as (temporariamente) a esquecerem a Linha.
Foi um bonito local que descobri nesta caminhada. Para mim Vale da Porca era (para além da terra natal de Roberto Leal) o cruzamento onde já passei muitas vezes nas deslocações com passagem pelo santuário de Santo Ambrósio. Agora o nome da aldeia tem mais significados.
Seguimos até à estação de Azibo, agora já com os carris bem visíveis. Foi bom verificar que esta estação ainda está bem preservada. Além do edifício intacto e fechado, muitas das estruturas anexas também estão em razoável estado de conservação. Há alguns anexos que ainda servem para a criação de galinhas. Crescem nos canteiros algumas plantas de jardim e árvores de fruto.
Com a luz do sol rasante a brilhar nos carris terminamos a nossa caminhada. Foram poucos quilómetros de Linha, que motivaram muitos lamentos e alguns insultos aos responsáveis por tanta destruição.
Foi feita o levantamento possível o que resta da Linha do Tua. Para mim foi também importante e surpreendente o contacto com o concelho de Macedo de Cavaleiros. Os espaços percorridos, a divisão dos terrenos, espécies cultivadas e selvagens ajudaram a construir uma ideia mais rigorosa do concelho e despertaram o apetite para novas viagens, caminhadas de preferência. Descobrir um concelho é uma tarefa nunca terminada, mas começa com o primeiro passo e esse já foi dado.
Agradeço a todos os amigos do ALUSTRO o excelente dia que passei com eles.
01 março, 2013
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